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Edição: Cosac Naify - 2 volumes - 2490 páginas; Tradutor: Rubens Figueiredo.
Tomo 2 - Primeira Parte
↪ - Deníssov, você poderia me ensinar a dançar a mazurca polonesa? (mas, por favor, esteja sóbrio durante as aulas, ok?)
↪ Nesta parte, Tolstói (1) confirmou uma prévia impressão minha e (2) respondeu a duas perguntas que fiz na DL anterior:
❥ DL #03: "Vale mencionar as pistas dadas por Tolstói, na forma dos maus presságios do Pierre, de que esse casamento vai dar em muita merda. Vamos acompanhar."
RESP.: Nem precisei acompanhar durante muitas páginas: Pierre tornou-se ciente da "franqueza e brutalidade dos pensamentos e da vulgaridade das expressões" de Hélène, que o traiu com Dólokhov (se entendi direito, a traição começou já no noivado). O casamento não durou nem um ano.
RESP.: É, ela só queria saber da grana, mesmo. Aparentemente, ela é a versão de saia do irmãozinho Anatole.
Reação final com a explicação das manobras políticas para pôr panos quentes sobre a derrota vergonhosa em Austerlitz - com direito à eleição de bodes expiatórios: o pobre Kutúzov (! - único que previu a decisão equivocada!) e Áustria (que, aliás, devia estar falando o mesmo dos russos):
↪ - Deníssov, você poderia me ensinar a dançar a mazurca polonesa? (mas, por favor, esteja sóbrio durante as aulas, ok?)
❥ DL #03: "Vale mencionar as pistas dadas por Tolstói, na forma dos maus presságios do Pierre, de que esse casamento vai dar em muita merda. Vamos acompanhar."
RESP.: Nem precisei acompanhar durante muitas páginas: Pierre tornou-se ciente da "franqueza e brutalidade dos pensamentos e da vulgaridade das expressões" de Hélène, que o traiu com Dólokhov (se entendi direito, a traição começou já no noivado). O casamento não durou nem um ano.
❥ DL #03: "Questão a ser esclarecida: quais são os verdadeiros sentimentos de Hélène nessa história toda? Ela opera na mesma sintonia do pai ou foi obrigada? Apaixonou-se genuinamente por Pierre...?"
RESP.: É, ela só queria saber da grana, mesmo. Aparentemente, ela é a versão de saia do irmãozinho Anatole.
(Hélène para Pierre) "(...) o senhor é um tolo, mas disso todos já sabiam. (...) é raro achar uma mulher com um marido como o senhor que não arranje amantes, mas eu não fiz isso (...) Eu me separo, estou às suas ordens, mas só se o senhor me der a fortuna. Separar, olhe só com o que ele quer me meter medo!"
❥ DL#02: "(...) só resta comentar algo sobre o Dólokhov, ou melhor, perguntar: quem é, e qual é a dele afinal de contas? Suspeito de que eu deva aguardar grandes feitos dessa figura sobre a qual Tolstói, até aqui, só tem oferecido pequenos lampejos de informação: um rapaz petulante, orgulhoso, inconsequente e ardiloso. Vamos acompanhar o sujeito."
RESP.: Então ele é, essencialmente, um traste filhinho de mamãe e que, nessa parte, aprontou realmente "grandes feitos": teve um caso com a esposa de Pierre, tratou o marido traído com sarcasmo e ironia humilhantes, perdeu embaraçosamente o duelo* proposto por Pierre, constrangeu Sônia com flertes constrangedores e persistentes, ficou emburradinho quando ela recusou sua proposta de casamento e achou-se no direito de descontar a esnobada no suposto amigo Rostóv. (* - Difícil acreditar que já houve um tempo em que os homens se desafiavam a um duelo. É muita palermice. Na literatura, porém, os duelos são encantadores, não?)
Ah, e, como já sabíamos, ele é amiguinho do Anatole. (não, ainda não engoli o Anatole.)
↪ Os fluxos de consciência do Pierre e do Rostóv são sempre muito interessantes e, às vezes, até engraçados; embora pareça haver uma dicotomia entre ambos: para Pierre, o problema está nele próprio; para Rostóv, o problema são outros.
↪ Bolsa de Valores de Personagens:
Em alta: Em baixa:
↑ Natacha ↓ Dólokhov
↑ Pierre ↓ Hélène
↑ Deníssov ↓ Rostóv
↪ E tivemos mais algumas passagens que remetem explicitamente à relação entre gerações, que comentei na DL #01:
"Está vendo como é a mocidade, hein, Feoktist? - disse ele. - Riem de nós, os mais velhos."
"No rosto dos jovens, em especial dos militares, havia a expressão de um sentimento de desprezo respeitoso em relação aos velhos, que parecia dizer à velha geração: "Estamos prontos a respeitar e honrar os senhores, mas lembrem-se de que o futuro nos pertence."
"Natacha (...) percebeu no mesmo instante o estado do irmão. (...), mas estava tão alegre, tão distante do desgosto, da tristeza, das recriminações que ela (como acontece tantas vezes com os jovens) se iludiu voluntariamente."
↪ Reação imediata quando a narrativa afirma que Moscou, naquela época, adorava o imperador Alexandre e daria uma festinha em homenagem ao príncipe Bragation:
Reação final com a explicação das manobras políticas para pôr panos quentes sobre a derrota vergonhosa em Austerlitz - com direito à eleição de bodes expiatórios: o pobre Kutúzov (! - único que previu a decisão equivocada!) e Áustria (que, aliás, devia estar falando o mesmo dos russos):
↪ CURIOSIDADES:
1. "(...) aquele tal lugar (...)" = prostíbulo.
2. Prato da moda entre os ricos: Sopa de tartaruga com cristas de galo.
↪ Andrei* vive, e Liza** morre.
**: aquele bigodinho, que insistentemente era destacado sempre que Liza aparecia, era símbolo de alguma coisa? Tenho fortes suspeitas de que Tolstói inspirou-se em alguma conhecida para escrever essa personagem.
*: A entrada triunfal de Andrei, na hora certinha, me fez lembrar muito do Victor Hugo, mestre das aparições oportunas, majestosas e sem qualquer explicação (além de providência divina, claro). Tolstói, pelo menos, faz certa piada com a questão, deixando claro ao leitor que estava ciente de que forçava um pouco a barra na narrativa.
"É o Andrei!", pensou a princesa Mária. "Não, não pode ser, seria extraordinário demais" (...).Aliás, quantas páginas a mais teríamos de ter lido, caso o Victor Hugo tivesse escrito o trecho referente à Batalha de Austerlitz? Medo.
**: aquele bigodinho, que insistentemente era destacado sempre que Liza aparecia, era símbolo de alguma coisa? Tenho fortes suspeitas de que Tolstói inspirou-se em alguma conhecida para escrever essa personagem.
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