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26/02/2023

[autoficções #4] And I draw a line to your heart today

[*Filme: Um dia, um gato/ When the cat comes/The Cassandra Cat; Vojtěch Jasný (1963)]

Não tenho lido nada [iniciar ano com leitura sem graça dá nisso], não tenho desenhado/pintado e minha saúde já esteve melhor, porém bateu tremenda vontade de conversar. Além do mais, alguém precisa alimentar o banco de dados das I.A.'s de Texto & Imagem, confere? Post singelo, trazendo alguns desenhos/pinturas do ano passado, os quais ajudarão a puxar assunto, misturados a breves entradas diarinho, combinado? Bora lá.

💬 Eis que o tcheco Um dia, um gato/ When the cat comes, de Vojtěch Jasný, deu as caras na MUBI, e finalmente pude vê-lo — a espera valeu, gostei. Já joguei uma cena/frase excelente do filme no topo deste post, mas também preciso guardar a passagem na qual as crianças começam a pintar como imaginam (sem que o professor peça, ressalto) o gato da história que escutam; um gatinho especial que cobre os olhos com óculos escuros, a fim de não revelar as verdadeiras cores das pessoas. Caramba, lindo demais. 👇



💬 A autora japonesa Sayaka Murata concedeu uma ótima entrevista ao Louisiana Channel [link: Writer Sayaka Murata 村田沙耶香 | Louisiana Channel], e registro aqui o fascinante processo criativo compartilhado pela autora. Murata explica que, para criar suas histórias, ela desenha suas protagonistas num caderno, construindo um pequeno aquário de personagens. Colo esse achado na postagem porque ele incidentalmente se conecta belamente à elaboração criativa das crianças no filme de Jasný: elas escutam a história falada, transferindo-a em desenho no papel; enquanto Murata, por sua vez, desenha a história no papel, para então transformá-la em história escrita. Claro que não estou chorando, que ridículo seria.
"Quando escrevo romances, uso cadernos. Eu rascunho a personagem no caderno — não apenas seu rosto, mas também sua altura e roupas, para saber de onde ela vê o mundo, o lugar onde ela cresceu e viveu durante a infância. Quando termino a protagonista, desenho as personagens que a rodeiam. Enquanto as desenho e as nomeio desse modo, elas automaticamente começam a conversar entre si; daí eu escrevo as cenas. É como se eu estivesse construindo um aquário (...) onde coloco minhas personagens. (...) Em seguida, começo a mudar o mundo onde estão. Quando faço coisas diferentes, todos no aquário começam a se mover, então a história naturalmente se revela; momento em que escrevo o que observo.         
— Sayaka Murata.
P.S.: Terráqueos já está na fila para leitura em 2023, portanto Murata poderá visitar mais uma vez o blog. O Querida Konbini já rendeu post: aqui.


💬 Não lembro de que forma começou ou por que deixei acontecer, porém confesso que estou circulando por dois becos de elevada periculosidade do You Tube: os nichos das entusiastas de caneta-tinteiro e as de fotografia. Exato; necessito encontrar forças para não sucumbir, caso queira evitar irreparável e certa derrocada financeira. Quanto às canetas-tinteiros (por ora, possuo somente uma modesta Kaküno), acredito que será fácil resistir, pois me parece um hobby algo peculiar [galera da papelaria na internet se parece assustadoramente com fã de marcas (destaco algumas recorrências observadas: Superior Labor, Hobonichi, Kaweco, Sailor, TWSBI...); rolam uns papos bem bizarros, acho. Até a caligrafia da galera se torna igual; doideira], mas quanto à fotografia, receio de que não haverá remédio. Nos próximos dias, pretendo decidir e fechar a compra de uma câmera e set de lentes; a ver. Será algo de entrada e de baixo orçamento — e desejem-me sorte, pois pretendo me aventurar no AliExpress. [*Atualizando em 03/03: claro que deu ruim ao tentar comprar lá; pelo menos a merda ocorreu logo na saída. Por que insisto no erro, jesus?]  Assim, além de desenhos e pinturas ruins, possivelmente também trarei fotos de qualidade duvidosa para o blog, em futuro incerto. Yay! Anoto uns objetos de estudo que me inspiram neste projetinho de fotos: aquelas pequenas flores de mato para as quais ninguém liga, os cãezinhos e capivaras do parque, passarinhos e insetos. 


💬 Por falar #1 em fotografia e MUBI, trago esta minha pintura da cena de um filme que vi por lá (guache + aquarela):

Madeira e Água (2021), de Jonas Bak, narra a história de uma alemã viúva e aposentada que viaja à Hong Kong, durante os protestos de 2019, para visitar o filho. Adorei a delicadeza do filme; os momentos de silêncio e solidão da personagem, bem como a relação estabelecida com a paisagem por onde ela circula, me tocaram bastante. Esta pintura me ajudou a consolidar uma lição importante, explico-a rapidinho: quando comecei a desenhar/pintar e esbarrei na câmera fotográfica, paralisei porque "como diabos se desenha uma câmera fotográfica?", contudo logo me lembrei de que "calma, sem estresse; basta desenhar as formas, sombras e luzes que enxergo, e a imagem há de se materializar." E não é que se materializou legal?

E pinço um momento logo no início do filme, quando a personagem vê-se obrigada a passar a primeira noite no país num quarto de albergue. Uma jovem no beliche puxa conversa com essa senhora turista, contando-lhe as perícias de sua viagem que se encerrava naquela noite, quando então pausa e emenda tão gentil: "— Desculpe, esta é minha história. A sua está apenas começando." Quer dizer, até aqui, meu post pensa em: desenhar histórias, fotografar histórias, contar histórias, ouvir histórias, escrever histórias, viver histórias.


💬 Por falar #2 em caneta-tinteiro e MUBI, ano passado pintei uma cena do filme A Ilha de Bergman (2021), de Mia Hansen-Løve (aquarela):
 
Não consigo descrever o quanto gostei desse filme (a primeira metade, ressalvo), entretanto afirmo que, ao final, eu só queria saber de embarcar para uma ilha sueca carregando cadernos, livros e canetas-tinteiros debaixo do braço, e por lá passear de bicicleta e nadar com águas-vivas. Puxa, adoro essa diretora — ah, e a atriz, Vicky Krieps! Por sinal, devo finalizar um retrato dela que desenhei no fim do ano passado, quase pronto. 

[P.S.: é, não nego que mulheres contemplativas, olhando para o espaço (janelas!!), é um apreciado tema.]

*
[ATUALIZAÇÃO 26/03/23:] Pronto, desenho da Krieps finalizado (*grafite; lápis de cor). 


***
Pera, impensável falar de águas-vivas e ilhas suecas, sem trazer de volta um de meus poemas favoritos, do sueco Tomas Tranströmer (que poeta subestimado por estas bandas brasileiras, pessoal; por quê? / *tradução: Marcia Schuback):
*
[ATUALIZAÇÃO 26/03/23:] Como casa com o tema, colarei esta pintura que também finalizei agora, usando como referência a imagem de um mini vídeo publicado no Instagram pelo artista Scott Campbell [era a visita da filha dele (creio) ao Aquário Nacional de Baltimore.] (*guache)
*
E que coincidência!: vejo que uma artista de São Francisco, que comecei a acompanhar faz pouco tempo no You Tube (Christina Kent), acaba de postar um breve vídeo no qual pinta in loco a ilha de Alcatraz. Putz, é totalmente meu tipo de rolê, queria demais. Ilhas são realmente paisagens especiais, não tem jeito. Felizmente, já tive oportunidade de visitar a ilha de Alcatraz e fiquei absolutamente encantada com o lugar, o que me desconcertou um pouco, dado seu peso histórico. No entanto, o livro Slouching Towards Bethlehem Rastejando até Belém, de Joan Didion, inclui um texto que me apaziguou os sentimentos, pois Didion assegura que, por mais que ela própria tente imaginar aquele espaço como a prisão que um dia foi, não consegue desgostar dali. Trago trechinho do que ela escreveu, anotado com carinho num de meus cadernos:

 

"It is not an unpleasant place to be, out there on Alcatraz with only the flowers and the wind and a bell busy moaning and the tide surging through the Golden Gate (...) I liked it out there, a ruin devoid of human vanities, clean of human illusions, (...) I came back because I had promises to keep, but maybe it was because nobody asked me to stay."  — Joan Didion. 


Ok, talvez uma visita à ilha de Fårö seja muito complicada (será? caro, com toda certeza seria), enquanto uma revisita à Alcatraz seja mais factível? Por enquanto, retornemos via foto:
(*apaixonada pela gaivota lá atrás, inspecionando o que eu aprontava com malabarismos, para me fotografar sem ajuda.)


💬 Voltarei à MUBI [juro que este post não é patrocinado, mas, hey, fico à disposição da plataforma] para fixar no blog outra bela passagem de filme envolvendo desenhos. Na obra Il Buco (2021), de Michelangelo Frammartino, nada acontece, a paisagem é absurdamente linda e o silêncio prevalece (ou seja, lógico que amei). Acompanhamos a expedição do Grupo Espeleológico do Piemonte, ocorrida em agosto de 1961, o qual se dirigiu ao sul da Itália (Calábria) para explorar a caverna do Abismo Bifurto, então desconhecida. Em paralelo aos trabalhos da equipe, há cenas de um aldeão que pastoreia a região (ator? suspeito de que seja um local escalado pelo diretor), um senhor com uma mirada super intensa (sério, ele está fantástico em cena). Daí, dentre os membros do grupo, há um cartógrafo que, à medida que a exploração avança, desenha o mapa da caverna. As cenas nas quais o pesquisador trabalha no mapa, usando nanquim e bico de pena, paralelamente ao que vemos ocorrer com o aldeão e à própria paisagem italiana, é lindo, lindo, lindo. Depois desse, Frammartino é outro diretor que entrou no peito, sem dúvidas, pois também aprecio o Le Quattro Volte (2010).

Inclusive, que parceria espetacular, não? Cavernas e Ilhas. Sim, colocarei esses elementos no meu hipotético aquário criativo — ao lado das canetas-tinteiros, máquinas fotográficas, frascos de tinta, águas-vivas e gatinhos de óculos escuros. Está ficando bonito.

(ah, este fundo cego... o percurso na caverna: everything was beautiful, and nothing hurt.)


💬 Para não dizer que não estou lendo nada, vale comentar brevemente que leio (aos pouquinhos, com calma) a coletânea de cartas que Van Gogh escreveu ao irmão Théo (dívida antiga minha). Estou radiante por me deparar com comentários tão ricos, generosos e honestos de Van Gogh acerca de seu processo criativo e de sua própria formação artística — que material valioso são estas cartas; e o quanto desmistifica a ideia de genialidade mágica. Reservarei impressões mais detalhadas para um possível post futuro (há tanto por falar), contudo, dado que minha pintura anterior do A Ilha de Bergman foi feita com aquarela, é imperioso destacar o quanto me satisfez ver Van Gogh corroborar que aquarela é coisa do diabo ("A aquarela é algo diabólico." - tradução: Pierre Ruprecht). Puta material desgraçado sim. Tenho curtido bem mais o guache e já investi numas tintas de cores primárias da Royal Talens (porém os vidrinhos são tão lindos, que persisto com pena de usar; daí continuo brincando com o baratinho HIMI).

"(...) a aquarela exige uma grande habilidade e uma grande rapidez no trabalho. Deve-se trabalhar no material meio úmido para obter harmonia, e não há muito tempo para pensar. Trata-se, portanto, não de trabalhar fragmentadamente, e sim de esboçar quase de um só golpe só (...)"       

                                                                                 — Van Gogh.

 


💬 Outro filme que invadiu minhas pinturas do ano passado foi Holy Motors (2012), do Carax (guache):

Visto que os filmes prévios do Carax aos quais assisti não me deixaram extasiada, me surpreendi um bocado com o quanto amei esse filme. Dane-se, tascarei um perfeito — poxa, tem tudo que valorizo: boas atuações, silêncios, é engraçado e triste na medida (piada discreta com assunto tabu? sou a favor; melancolia infinita? principalmente), sem pé nem cabeça, e ao mesmo tempo possui todo o sentido para instigar reflexões complexas; e tudo isso sem se levar a sério. No meu dicionário, é perfeito mesmo. Inclusive, percebi que o grande equívoco de Carax no filme Annette (2021) foi não ter escalado Denis Lavant para o papel do protagonista (perdão aí, Adam Driver).  AH! Não posso deixar de comentar: vi graças à plataforma Cine Sesc Digital; tremenda iniciativa massa.

Para encerrar estes devaneios, escolho transcrever a resposta da personagem de Lavant à pergunta acerca do motivo que a faz prosseguir fazendo o que faz. Trago a frase porque, em parte, ela ajuda a justificar minha dedicação a este humilde e inconsequente blog em pleno 2023, ano em que apenas robôs de I.A. e de indexação leem coisas na internet. [Suponho, a propósito, que seja a mesma razão por que Carax prossegue fazendo seus filmes. E que bom.]
"— O que me motiva desde o início: a beleza do gesto."
(guache - minha pinturinha de 2022 que mais curti. This is the way, I guess)

19/06/2022

[off-topic] And I draw a line to your heart today

Considerando-se (1) que reativei o blog e (2) que o estado deplorável do meu pescoço parece ter encerrado de vez meu impróspero futuro de artista; trarei pra cá alguns desenhos que fiz em 2022 (e umas velharias). Antes dos desenhos, porém, darei continuidade à proposta do post anterior, anotando alguns de meus encontros legais sobre o tema.

(*Arquivando desenhos/pinturas no Instagram: dani.x.ela)
...

🎨 Ano passado assisti ao Os Amantes de Pont-Neuf (Leos Carax; 1991) e achei muito bonita a sequência e o paralelo estabelecido entre as cenas iniciais e finais, nas quais Michèle, personagem de Binoche, desenha um retrato do amante, interpretado por Denis Lavant. Colo aqui uma edição breve (há spoilers, é lógico), mas também vale ressaltar a tocante cena à noite no museu, na qual Michèle, com ajuda de uma vela e de um ombro amigo, observa um dos autorretratos de Rembrandt, possivelmente pela última vez (ela estava prestes a perder a visão). 



🎨 Já neste ano, finalmente vi A Caverna dos Sonhos Esquecidos (2010), do Herzog. Na sequência, aproveitei para ler um texto de Gilda de Mello e Souza — na verdade, a transcrição de uma palestra que ela proferira em 1954, na Sociedade de Psicologia de São Paulo — chamado O Desenho Primitivo, incluído no livro Exercícios de Leitura, publicado pela Editora 34. O tema é fascinante e, desse texto, escolho guardar aqui dois pontos:


(1) A ressalva feita por Gilda de Mello de que, nas sociedades primitivas, raramente encontramos um desenho que se encaixa na habitual definição de desenho — quer dizer, a arte do contorno — , pois quando a poesia ainda não se separou da música e esta continua apoiando-se na dança; quando são 'impuras' todas as manifestações artísticas, também ao desenho vemos associar-se uma série de elementos alheios ao contorno que, falando aos sentidos, anulam o caráter abstrato do traçado (...). Abracei demais essa ideia de manifestação artística impura (é contorno, é poesia, é música, é dança, é instrumento de magia religiosa... é tudo!), o que explica muito aquilo que sentimos ao contemplar as imagens dos desenhos no documentário de Herzog.

(2) Gilda de Mello faz questão de pontuar a distância entre o desenho primitivo e o desenho infantil (dado que percepções rasas tendem a aproximá-los). Ao mesmo tempo, porém, ela aponta uma magnífica semelhança (grifo meu): 
"(...) uma finalidade utilitária, mágica ou intelectual. maneira de apreender o mundo e sobre ele agir, grafia da percepção, (...) visa sempre menos uma imagem que um saber, como diria Sartre. Onde o vocabulário é precário e a palavra ainda não se empenhou na descoberta do mundo, é através do contorno que o primitivo ou a criança apalpam a realidade, exploram o objeto, exploram o objeto, chegam à noção abstrata das coisas. (...) Assim o desenho estará preenchendo a sua verdadeira função, que é, segundo as belas palavras de Alain, "fixar o homem e parar o curso do tempo"."

 

🎨 Por falar em desenho infantil, anotarei um diálogo simples e surpreendente que encontrei no lindo livro Meu Nome é Asher Lev, de Chaim Potok; o qual li no fim do ano passado, na tentativa de continuar vivendo a narrativa do querido Akiva, personagem da série israelense Shitsel. (Esse livro provavelmente retornará noutros momentos ao blog — ou não.)


"Olhando para um dos meus desenhos, disse-me ele certa vez: — Asher, você não tem coisa melhor em que usar seu tempo? Seu avô não teria gostado de vê-lo esbanjar tanto tempo com tolice.
 
— Papai, mas isto é um desenho.
— Eu sei que é um desenho.
— Mas, papai, um desenho não é uma tolice.
Ele me olhou surpreso, sem dizer uma palavra. Naquela época eu tinha quase cinco anos de idade."
      — Chaim Potok, Meu Nome é Asher Lev
                  (Tradução: Attílio Cancian)



🎨 Fechando ciclicamente, volto aos retratos, fixando o vídeo em que Berger pinta um retrato de Tilda Swinton, o qual só vi recentemente — é trecho do documentário The Seasons in Quincy: Four Portraits of John Berger, o qual ainda não consegui assistir. Além da técnica mais fluida, adorei o anteparo de madeira (novidade pra mim) que Berger usa para fixar o papel — deve funcionar melhor que a fita crepe. E tão, tão bonita a mirada de Swinton para Berger...  — Não tem jeito, o olhar de um retratado para o pintor que o retrata é sempre uma imagem muito potente. Trata-se de um momento que mistura tantas coisas: vulnerabilidade, generosidade, curiosidade, intimidade, comunhão, erotismo, amor... Sempre me pega, razão porque precisei fixar aquele sequência do filme do Carax. 

Ah, e a participação especial do livro de Victor Serge? Se está no catálogo da NYRB e foi lido por Berger, eu boto fé; mandei pra fila (Título: Unforgiving Years). 

"We, who draw, do so not only to make something observed visible to others, but also to accompany something invisible to its incalculable destination."

                                                                                                                        

...

Ok; alguns de meus desenhos ruins deste ano, que me deixam feliz. [E agora que meu pescoço pediu arrego, meu querido hobby resta encerrado, infelizmente. (..) Calma, sigamos com o tratamento, né? *suspiro*]:

[*referência do desenho: cena do filme Bande de Filles, de Céline Sciamma // aquarela.]


[referência do desenho: cena do filme La Grande Bellezza, de Paolo Sorrentino // aquarela]


[referência do desenho: foto publicada pela conta Ig @dzulfikri72; fotógrafo Dzulfikri // lápis de cor.]


[*referência do desenho: foto postada pela conta do Instagram @nomibis; Fabienne Nomibis // guache.]

[*referência do desenho: imagem compartilhada por Taemin (태민), com sua gatinha Kkoong (꿍) 🖤 // grafite + lápis de cor. /// Poxa, o desenho original ficou tão mais bonitinho... A qualidade é bem melhor no Instagram: aqui. O Blogger não ajuda; e não sei digitalizar direito grafite e lápis de cor, o scanner sempre deturpando demais a imagem.]


[*referência do desenho: ... 😬 foto meme da internet? não localizei o crédito específico da foto usada // aquarela + lápis de cor.]
[*referência do desenho: foto da Rihanna durante a gravidez, em 2022 // aquarela.]

[referência do desenho: fotos publicadas pela conta Instagram @2ah.in // aquarela.]


[*referência do desenho: foto de Maggie Cheung, por Wing Shya, para a revista i-D 2004 // guache.]


[referência do desenho: imagem do clipe para a música Vai Quebrando (Desce que Desce), do Heavy Baile; com a dançarina Celly IDD. // lápis de cor.]

...

Uns desenhos mais velhinhos, os quais trago de volta porque se perderam quando desativei o blog ano passado — e porque gosto muito deles:

[*referência do desenho: cena da série documental Tiny World - Apple TV // lápis de cor.]

[*referência do desenho: cena do filme Ratcatcher (1999), de Lynne Ramsay // aquarela.]

[*referência do desenho: puxa, perdi; mas era uma foto de senhoras no mar morto // aquarela.]

[*referência do desenho: foto da Malala no Graduation Day, 2020 // aquarela.] 

[*referência do desenho: Carreta Furacão! rs // aquarela.]

15/08/2021

[off-topic] And I draw a line to your heart today

Apesar das dores chatas que tenho sentido (pescoço, ombro), consegui fazer novos desenhos feios; oba! Antes de mostrá-los (~suspense~), anoto pra mim (e compartilho com quem porventura caia aqui) três encontros legais relacionados ao tema. Bora lá! 


🎨 Em 2021, assisti pela primeira vez ao O Gosto do Chá (2004), do diretor Katsuhito Ishii, e esse bendito filme tem uma das mais lindas cenas finais que já vi. Colo abaixo um vídeo com a respectiva passagem que, em resumo, corresponde ao momento em que a família, ao entrar no puxadinho onde o "excêntrico" vovô recém-falecido vivia, descobre os flipbooks (cadernos com desenhos animados / em movimento) que ele desenhara pra cada um deles. O momento guarda uma delicadeza tão tocante, que chorei feito uma desgraçada, sobretudo por conta do que significa, no contexto da história, o desenho feito para a garotinha. Aliás, se eu fosse cineasta, esse é totalmente o tipo de filme que gostaria de fazer: sem pé nem cabeça e, por isso mesmo, com todos os pés e cabeças que realmente importam. (*Quem assistiu pescou a sacadinha. Hi5!)


🎨 Fiquei fascinada com os quadros que a artista Helga Roht Poznanski faz com aquarela. São deslumbrantes. Eu brinco com aquarela por ser uma tinta prática e relativamente barata, no entanto, pra ser honesta, sempre acreditei tratar-se de um material incapaz de render imagens expressivas; quero dizer, imagens que não sejam kitschy ou (como diriam os britânicos) meio twee. E o pior é que, conforme a própria artista afirma no vídeo abaixo, a aquarela é bem ardilosa de se usar, em especial por usualmente não admitir erros. Dito isso, eis que Helga Roht Poznanski surgiu no meu caminho para dizer que eu é que não tenho talento para aquarela, pois o material pode, sim, render bons trabalhos. Também destaco o instigante processo criativo compartilhado por Poznanski neste vídeo, o qual super me deu ideias para arriscar o voo da imaginação, ainda que eu não domine os fundamentos técnicos do desenho: partir de colagens para, a seguir, desenhá-las/pintá-las. Talvez funcione. Ah, e experimentar o uso da tinta menos diluída em água, para obter cores mais intensas e interessantes. Por fim, a própria Poznanski me pareceu uma mulher incrível; fiquei feliz por tê-la conhecido.
"Nunca digo que sou artista. Eu sou pintora. Porque o mundo é arte; tudo é arte e, se não houvesse arte, não existiria vida." 
                                                                           -  Helga Roht Poznanski

🎨 Dada minha suposição de que, para tentar contornar a terra arrasada na qual a internet tem se transformado, é importante ajudar a impulsionar aquilo que estimamos, registro o canal recém descoberto da artista Valerie Lin. Ainda o estou explorando (esbarrei nele ontem), mas os vídeos que vi me inspiraram a prosseguir aprontando. E acho massa que ela more em Berlim, incluindo nos vídeos imagens dos passeios que faz por aquela cidade deliciosamente maluca. Incluo o último upload de Lin no You Tube: (*Instagram: @itsvalerielin)


🎨 Para finalizar, estes foram os desenhos com os quais brinquei nos últimos meses:

Não sei onde eu estava com a cabeça ao tentar pintar essa cena (as sombras, as luzes, aaahhh), visto que minha habilidade obviamente não está à altura de tamanha empreitada. Contudo, a despeito dos diversos erros, admito estar bem contente com o resultado final. A inspiração veio de um mini vídeo (com tantos elementos que me são caros: bichinho, janela, dança, noite, gaze) postado no Instagram por @mignonettetakespictures (fonte original: @dincerisgel), link: X. (*material: aquarela e um peteleco de caneta nanquim.)

Suei, mas a Buffy do Wishverse finalmente saiu (ou algo parecido — nem queiram ver como ficou a versão em aquarela. Spoiler: horrível). Conforme comentei no post a respeito de minha experiência revendo Buffy em 2020/2021, espanta saber que, caso a série fosse criada hoje, essa daí, com absoluta certeza, seria a Buffy do Universo Canon, enquanto a Buffy que conhecemos é quem pertenceria a um mundo paralelo distópico. Que instigante, o quanto uma sociedade é capaz de mudar, em tão pouco tempo. (*material: lápis de cor + giz pastel seco.)

Esse danadinho me deu um baita trabalho; especificamente, o próprio rascunho: o que é a cabeça desse bicho, afinal? Que crânio é esse? E o olho?! A patinha?! Mas estou curtindo bastante desenhar animais e já salvei várias fotografias para referência, vejamos se conseguirei executar algumas delas.

A inspiração desse desenho veio de uma foto postada, no Instagram, pela conta @zildafariass, link: X. A Zilda Farias posta tantas fotos lindas do tio que mora no interior de Pernambuco, que talvez eu traga outros desenhos inspirados pelas imagens que ela compartilha. (*material: lápis de cor.)

Pintura inspirada numa cena do lindo filme A Cor da Romã (1969), de Sergei Parajanov. Scorsese é provavelmente um boomer a quem devemos dar ouvidos, hein. Galera dedicando tanto tempo a filmecos enlatados de super-herói, enquanto uma preciosidade dessa existe no mundo; lastimável. (*material: aquarela + um tico de lápis de cor.)
"Watching [The Color of Pomegranates] is like opening a door and walking into another dimension, where time has stopped and beauty has been unleashed…. Before all else it's a cinematic experience, and you come away remembering images, repeated expressive movements, costumes, objects, compositions, colours"

                                                                                                         - Martin Scorsese 

[Atualização em 23/08/2021: o comentário da Maria Eduarda (abaixo) me fez perceber que, neste mesmo post, eu incluí um desenho da minha querida super-heroína - Buffy! hahahahaha, Jizuiz! Bom, aproveitarei para colar aqui a resposta: Essa é uma das diversões de manter um blog: descobrir, compreender e fazer as pazes com minhas contradições. Enfim, nem se trata de deixar de curtir os filmes de super-heroínas(heróis) mas, sei lá, de ter um pouco mais de curiosidade para outras coisas, acho. É, acho que foi isso que quis dizer ao incluir o comentário do Scorcese.]

Veja bem, as proporções dessa pintura estão algo cagadas, a Tilda Swinton está parecendo uma alienígena (se bem que: será que não é?) e, mesmo assim, creio ser minha obra-prima. As risadas, ao menos, já a fizeram valer a pena. Além do mais, estou mega orgulhosa da solução que encontrei para pintar com aquarela a maldita camisa do Bill Murray. 

Para não desperdiçar o meme: quem é o Correndo entre Livros nesta foto? Bem, este blog adoraria ser uma mistura de Anderson com Swinton, mas ele só dá conta de bancar o combo Chalamet & Murray.  E olhe lá. ¯\_(ツ)_/¯  [*material: aquarela + colagem marota (*balcão com a logo do festival)]